O primeiro capítulo, Círculo Hermenêutico Dialético como Carro-Chefe da Metodologia Interativa e Ferramenta para Sequência Didática, apresenta a Metodologia Interativa como uma nova proposta de pesquisa que privilegia a abordagem qualitativa, defende a autora deste capítulo, tendo como principais aportes teóricos a Complexidade (Morin, 1998 e 2005), a Dialogicidade (Freire, 1987 e 2004), o Círculo Hermenêutico-Dialético (Gadamer, 1998 e 2007), Visão Sistêmica (Vasconcelos, 2004; Bertalanffy, 2008) e no Método de Análise Hermenêutica-Dialética (Minayo, 2004). A metodologia adota como carro-chefe para a recolha de dados, a técnica do Círculo Hermenêutico-Dialético (CHD) para a realização de entrevistas, tendo a dialogicidade como fio condutor para estabelecer uma interação entre pesquisador e entrevistados. Tratando-se de um processo dialético, complexo, dialógico e sistémico, a Metodologia Interativa se aplica a diferentes áreas de conhecimento, podendo ser trabalhada com os mais variados e complexos temas pertinentes ao domínio das Ciências Exatas, Humanas ou Sociais. O capítulo também apresenta como desdobramento da Metodologia Interativa, a aplicação do CHD em contexto de sala de aula, como sendo uma ferramenta para realização de Sequências Didáticas Interativas (SDI).
O segundo capítulo, A Formação em Investigação Qualitativa: Notas para a Construção de um Programa, indica o ponto de partida deste capítulo com uma breve reflexão acerca do lugar e do papel da iniciação à investigação no ensino universitário, mormente no campo das ciências humanas e sociais, tendo em conta as directrizes do processo de Bolonha. Este capítulo reflete sobre os desafios específicos que se colocam a uma iniciação à Investigação Qualitativa, sobretudo os problemas que têm a sua origem, por um lado, na prevalecente visão positivista de ciência, e, por outro lado, na posição daqueles que dão largas à imaginação e consideram que “tudo é possível”. Em resposta a estes desafios o autor afirma ser necessário uma formação “técnica” que introduza à diversidade de estratégias e de métodos disponíveis para realizar a investigação no terreno. Este capítulo termina apontando os principais tópicos de um programa que serviu de base à estruturação de um Manual de Investigação Qualitativa em Educação.
No capítulo terceiro, “Dilemas” do Jovem Investigador. Dos “Dilemas” aos Problemas, são tratados os vários dilemas que se colocam aos investigadores que enveredam por investigações de tipo qualitativo: i) como proceder para sistematizar o conhecimento já produzido a partir de outros estudos de natureza também qualitativa, muito contextualizados, oferecendo consequentemente poucas possibilidades de comparação; ii) dificuldade de identificar os caminhos a seguir para recolher e analisar os dados e para interpretar os resultados; iii) as modalidades de interação com os potenciais leitores que os investigadores desejam associar ao seu conhecimento, comunicando-o e dando-lhe visibilidade; iv) o papel de investigadores e a relação que estabelecem com os participantes no estudo. O capítulo também aborda as incertezas quanto à validade da investigação e à fidelidade dos seus instrumentos de pesquisa. Assim neste capítulo todos estes dilemas convergem para a questão central: o que é a realidade e como é que, o investigador, se posiciona face a ela? Neste contexto, a autora levanta uma outra interrogação: será que estamos a conseguir transformar dilemas persistentes em problemas transitórios, suscetíveis de resolução e característicos de um processo de desenvolvimento epistemológico?
O quarto capítulo, A Investigação Qualitativa em Teses e Dissertações dos Programas de Mestrado e Doutorado em Educação: Estado do Conhecimento, trata os desafios na formação de mestres e doutores, especialmente, na investigação qualitativa. Assim, na subárea de conhecimento Educação, no Brasil, admitem-se mestrandos e doutorandos advindos de cerca de 48 áreas de conhecimento, cadastradas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Isso ocorre em face de a área de Educação, vinculada às Ciências Humanas (bastante abrangente), ter em seus Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação (PPGEs) a finalidade proposta pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) de formar pesquisadores e professores para atuarem no ensino superior. Este capítulo identifica que grande parte dos profissionais ingressa na subárea de Educação, com pouquíssima (in)formação relativamente à investigação qualitativa o que é refletido diretamente na elaboração de suas teses e dissertações. O capítulo que quem como um dos objetivos oferecer aos interessados informações relativas às investigações consideradas emergentes na área de formação de professores. As indicações poderão servir, sobremaneira, para os iniciantes nos mestrados e doutoramentos na procura de objetos relevantes de pesquisas e demais investigadores da subárea Educação.
Por fim, o quinto capítulo, Importância do Questionamento no Processo de Investigação Qualitativa, aborda o ponto de partida de um projeto de investigação: a elaboração de uma ou mais questões de investigação, normalmente designado por problema a investigar. Alguns estudantes não sabem por onde começar e questionam se a pergunta está bem formulada. Diante destas instigações, este capítulo tem como objetivo esclarecer e reforçar a importância da formulação do problema e/ou questão de investigação, onde buscar inspiração para a sua formulação, quais os passos a serem seguidos na sua elaboração e qual a sua utilidade durante o processo de investigação. Um dos focos dos autores é sugerir como a utilização de alguns pacotes de software ajudam o investigador, a partir do questionamento aos dados já codificados, mantendo uma coerência interna durante a investigação, bem como obter resposta à questão de investigação.
Espera-se que este capítulo aponte para caminhos inovadores que possam apoiar e estimular jovens investigadores, levando-os a dar passos mais confiantes num processo de investigação qualitativa.
António Pedro Costa, Francislê Neri de Souza e Dayse Neri de Souza
Aveiro, julho de 2014
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